9 de junho de 2010

TÓKIO UM RETRATO DO FUTURO QUE NÓS BRASILEIROS DESEJAMOS..



Na primeira reportagem da série “Correspondente, um olhar estrangeiro”, o repórter Roberto Kovalick mostra seu olhar sobre a capital do Japão.

Moderno e tradicional... Todo certinho ou doidaço... Lançador de modas e seguidor de modas que já se foram há muito tempo... Esse é o Japão!

Bem-vindo! É uma das primeiras expressões que se aprende aqui. A gente ouve em tudo o lugar. Quando as lojas abrem, os funcionários se perfilam para receber os visitantes, mostrando alegria e respeito. É assim que a gente se sente neste país. Não como se estivéssemos na nossa casa, isso é difícil para um ocidental, mas como se fôssemos convidados muito especiais de um lugar que muitas vezes parece um outro planeta.

Tem melancia quadrada, o feijão se come doce na sobremesa e um dos pratos mais tradicionais, se não for bem preparado, é mortal. Restaurantes servem bagre, chamado de fugu, que tem um veneno no fígado. Se não for tirado com destreza, é morte certa para quem come.

Por isso, entrar num restaurante é muitas vezes uma viagem ao desconhecido. Para quem tem espírito de aventura gastronômica, este é o lugar. Um dos meus pratos preferidos é a espinha de peixe frita. Parece estranho, mas a gente come tudo. Até os ossos da cabeça e é uma delicia.

As pessoas comem esse tipo de comida porque o Japão é um país pobre em recursos naturais. Nada pode ser desperdiçado. Eles compensam a escassez com beleza e sabor. Os pratos podem parecer estranhos, mas são sempre bonitos e deliciosos. Às vezes, custam uma fortuna. Tóquio é a cidade mais cara do mundo. Frutas são artigos de luxo, vendidas em boutiques. Um melão pode custar mais de quatrocentos reais. O gerente da loja explica que são caras porque são perfeitas, tanto na aparência como no sabor. As pessoas compram para dar de presente.

A maior dificuldade para viver em Tóquio é a incapacidade de ler. A língua japonesa tem três alfabetos. Um deles, com dois mil caracteres. Assim atividades rotineiras ficam bem complicadas. Como é que a gente consegue pegar um ônibus, se não sabe para onde vai?

Entrar numa farmácia, por exemplo, é mais uma aventura, que pode resultar em situações engraçadas ou embaraçosas. Eu vou confessar uma: durante muito tempo usei um suposto desodorante. O tubo estava se seção de desodorantes. É igual aos vendidos no brasil. Por isso, eu não tive dúvidas em comprar. Até descobrir que é um spray para os pés. O impressionante é que funcionava.

Nada é feito para falhar, até quando a terra treme, e principalmente nestes momentos. Nós estrangeiros ao lado dos japoneses treinamos frequentemente para sobreviver a terremotos. No Japão acontecem três por dia, embora a maioria a gente nem perceba.

Todas as pequenas dificuldades são superadas pela eficiência japonesa. Tudo é preciso como o horário dos trens, que a não ser no caso de um terremoto, jamais atrasam. Tóquio é uma cidade gigantesca, mas impecavelmente limpa e também muito segura. Imagem disso são as bicicletas deixadas na rua. Não estão presas a nada e ninguém leva.

Limpeza, segurança, educação, perfeição. Viver em Tóquio tem seus sustos, mas é como viver no futuro. Aquele futuro que a gente deseja.

Fonte: Jornal Hoje - Roberto Kovalic - http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2010/04/toquio-retrato-de-um-futuro-que-desejamos.html



Leia mais: http://www.nihongobrasil.com.br/vida-em-tokyo.htm#ixzz0qLJO48e0

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