12 de abril de 2012

Associação de pais que perderam filhos

Associação de pais que perderam filhos São 13 os jovens que morrem, em média, por dia em Portugal. Por doença, suicídio, atropelamento ou acidente. Os pais, que vêem invertida a suposta ordem natural da vida, mergulham numa "dor inimaginável". Tentam colmatá-la com medicamentos e com divórcios, chegando mesmo a atingir estados de demência. "A Nossa Âncora" é uma associação de pais que perderam filhos, mas que conseguiram sobreviver à dor. Hoje, ajudam, um pouco por todo o país, outros pais a sarar a ferida. "Só se pode entender a dor de perder um filho quando já se perdeu um. Tal como só se pode compreender a angústia de um vício como a droga, ou o álcool, quando já se foi viciado." A afirmação é de Maria Emília Pires, fundadora e Presidente desta associação, cujo objectivo principal é "devolver os pais à vida". "Queremos ajudar os pais a enfrentar o horror da morte de um filho. Já passámos por lá, sabemos o que é ficar ferido. Mas sabemos também que é possível continuar a viver com alguma felicidade, tal como desejariam os nossos filhos se estivessem cá," afirma a fundadora, que perdeu a filha de 18 anos num acidente de viação. "Durante uns tempos fui transportada para um planeta qualquer, onde viver não fazia sentido. Mas eu tinha mais dois filhos e tive que voltar a por os pés na terra. Quando o consegui, vi que todas aquelas pessoas que se tinham preocupado comigo, tinham ido às suas vidas e eu estava sozinha. Não se falava da Mónica em lado nenhum e eu precisava falar dela," confessa Emília ao jornal "Público". Um sentimento que é partilhado por quase todos os pais que viveram a mesma circunstância. Sentem-se sós, recorrem aos psiquiatras, aos medicamentos. Pensam em morrer, desintegram a família e nunca mais voltam a ser os mesmos. A "Âncora" foi recentemente considerada pelo Estado uma Instituição de Utilidade Pública e o seu leque de tarefas não pára de aumentar. Hoje, organizam também fóruns, onde se apela à prevenção dos acidentes, da sida, etc. Uma das grandes preocupações desta associação é sensibilizar os médicos, os polícias e os bombeiros para a maneira como devem dar a notícia da morte de um filho aos familiares, uma vez que recebem centenas de queixas todos os dias. A Câmara Municipal de Sintra atribui, anualmente, a esta instituição um subsídio no valor de mil contos. Quatro instituições bancárias e o "Correio da Manhã" doaram, este ano, um montante de 500 contos. Na totalidade, este dinheiro foi usado na recuperação de uma casa velha, onde instalaram a sede. No início do próximo ano, Emília Pires promete mesmo abrir delegações em Braga e no Porto. Futuramente, também Tomar, Caldas da Rainha, Peniche, Vila Real de Santo António, Faro, Setúbal e Almada irão conhecer esforços neste sentido. Assista aqui: